Fapesp e Shell planejam centro para pesquisa de tecnologias de exploração de petróleo
Publicado em: 9 de março de 2020
Workshop reuniu cientistas, instituições e startups, para discutir as principais áreas e focos de estudo da iniciativa
Fonte: Governo do Estado de São Paulo
A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e a empresa Shell planejam lançar um Centro de Inovação Offshore com foco em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias para a próxima geração de sistemas de exploração de petróleo em águas profundas.
Como parte da preparação para o lançamento da chamada de propostas, foi realizado nesta terça-feira (3) de março, em São Paulo, um workshop que reuniu cientistas de universidades, instituições de pesquisa e de startups, além de representantes da Fapesp e da Shell, com o objetivo de discutir as principais áreas e focos de pesquisa do novo centro.
“Esperamos que surjam do encontro ideias que nos ajudem a selecionar os temas para elaboração da chamada de propostas prevista para ser lançada pela Fapesp e Shell nos próximos meses”, afirmou à Agência Fapesp Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor-científico da fundação.
Algumas das áreas exploradas por pesquisadores do centro serão novos materiais e nanotecnologia; ciências da computação e tecnologias digitais; e saúde, segurança, sustentabilidade e meio ambiente.
“O objetivo consistirá em desenvolver pesquisas fundamentais e tecnologias de ponta para produção de petróleo em águas profundas”, disse à Agência Fapesp Jane Zhang, gerente-geral de Tecnologia da Shell no Brasil. “O foco será em pesquisa disruptiva e transformacional de longo prazo, visando a atacar problemas que não são óbvios e que valem a pena ser solucionados”, completou.
Pesquisa
Uma das áreas de pesquisa será voltada ao aprimoramento das instalações e equipamentos usados em unidades flutuantes de produção, armazenamento e transporte de petróleo, como navios FPSO (sigla em inglês para Floating Production Storage and Offloading).
Aproximadamente um terço da frota global dessas embarcações que atendem à indústria de petróleo e gás offshore há quase 35 anos está em operação no Brasil e alguns navios estão prestes a atingir o limite de vida útil. Por isso, as embarcações apresentam maior probabilidade de apresentar trincas por fadiga e corrosão.
Além desse problema, são necessários FPSOs maiores e mais complexos para exploração de petróleo do pré-sal na bacia de Santos, destacou José Ferrari, principal engenheiro de pesquisa sobre partes superiores de plataformas petrolíferas da Shell no Brasil durante o evento.
“Ao desenvolver e implementar sensores integrados, além de sistemas de aquisição e registros de dados e relatórios de inspeção em tempo real, por exemplo, seria possível melhorar a eficiência e a segurança durante todo o ciclo de vida dessas embarcações”, afirmou.
Sistemas submarinos
Outra área de pesquisa do centro será relacionada ao desenvolvimento de sistemas submarinos de processamento e produção de petróleo. Atualmente, há dezenas de campos marginais em águas profundas que não atendem aos requisitos econômicos para as indústrias petrolíferas investirem.
“Isso equivale a dezenas de bilhões de dólares em valor ocioso”, salientou Rosane Zagatti, gerente de Tecnologia Submarina da Shell, à Agência Fapesp. Segundo a gestora, para viabilizar a exploração desses campos marginais, será preciso reduzir o tempo necessário para projetar e desenvolver tecnologias inovadoras.
Parcerias
O novo centro será o terceiro lançado pela Fapesp em parceria com a Shell no âmbito do programa Centros de Pesquisa em Engenharia (CPE). O primeiro foi o Centro de Pesquisa para Inovação em Gás (RCGI), sediado na Escola Politécnica (Poli) da Universidade de São Paulo (USP).
O segundo, lançado em 2018, é o Centro de Inovação em Novas Energias (CINE), com unidades na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) e no Instituto de Química de São Carlos, da USP.
“A ideia do programa CPE é colocar pesquisadores de universidades, instituições de pesquisa e de empresas para trabalharem juntos em projetos de pesquisa avançada e de longa duração”, enfatizou Carlos Henrique de Brito Cruz.
“O programa CPE tem crescido muito rapidamente e já é uma das maiores iniciativas no Brasil voltada a promover pesquisa colaborativa entre universidades e empresas”, finalizou.
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